A vereadora Raquel Pereira participou na tarde de terça-feira (28), do Seminário " O impacto das Moratórias da Soja e da Carne nas desigualdades regionais", evento promovido pela Aprosoja e pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), em Cuiabá. Ela representou a presidência da Câmara de Alto Paraguai e demais parlamentares da Casa de Leis.
O evento ainda contou com representantes do agronegócio, autoridades estaduais, federais e municipais, entre eles, o presidente em exercício da União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT), Geison Moraes, que participou na mesa do debate, representando toda vereança do Estado.
“Hoje, nos reunimos para discutir uma questão de grande relevância para o futuro econômico e social do nosso Estado: a moratória da soja e da carne. Este tema não é apenas um debate sobre práticas agrícolas, mas sobre a justiça econômica, os direitos dos municípios e a soberania do nosso código florestal. A moratória, como muitos sabem, não é um protocolo amparado pela legislação brasileira. Ela surge de interesses internacionais e de grupos específicos, impondo uma sobrecarga adicional aos agricultores e pecuaristas da Amazônia, que já enfrentam um código florestal rigoroso. Essa medida externa, contraria nossas leis, impedindo o pleno desenvolvimento econômico e social do nosso estado, ampliando as desigualdades existentes”, disse o presidente da UCMMAT.
Na ocasião, o presidente do TCE-MT, Sérgio Ricardo anunciou que a instituição vai auditar os incentivos fiscais destinados às empresas que atuam no estado. Segundo a autoridade, o trabalho envolverá as empresas signatárias das moratórias, porque responde um pedido protocolado junto ao Tribunal por 127 Câmaras Municipais, que apontam que os acordos prejudicam o desenvolvimento dos municípios. Isso porque, impediriam a circulação de bilhões de reais na economia mato-grossense, aprofundando as desigualdades regionais, uma das principais bandeiras que defende no órgão fiscalizador.
“A lei diz que a empresa que recebe incentivo precisa devolver desenvolvimento e geração de emprego. Neste ano, foram destinados mais R$ 14 bilhões em incentivos pelo estado, então queremos saber o que as empresas incentivadas estão devolvendo para o cidadão de Mato Grosso”, pontuou o presidente ao explicar que municípios podem estar perdendo investimento e melhoria do bem-estar da população.
Também, foram apresentadas no evento, dados sobre renúncia fiscal nas regiões de Mato Grosso, reforçando a discrepância entre elas. “As regiões mais fortes recebem mais incentivos e as mais carentes recebem menos. O que sugerimos como política pública não é que os recursos diminuam para os municípios, mas que sejam repassados de forma equilibrada em atenção aos mais pobres”, completou o presidente do TCE.
Ainda, ele falou sobre um cenário preocupante, resultado da má distribuição: a perda de população. “O TCE julgadas contas de todas as prefeituras e sabemos que a situação é muito difícil. Tem município que não tem saída, que quer produzir e não consegue, as cidades não geram oportunidades e as pessoas estão indo embora, 51 cidades perderam população no estado, então temos que buscar um crescimento igualitário.”
O conselheiro-ouvidor, Antonio Joaquim, que recepcionou a demanda dos municípios no TCE-MT, defendeu que estas empresas não recebam incentivos fiscais do Governo do Mato Grosso. Além disso, destacou a legitimidade da atuação do Tribunal sobre a causa. “Se está no orçamento, está na lei, o Tribunal de Contas tem obrigação de entrar no debate. Isso será feito a partir do laudo técnico, do relatório dos nossos auditores.”
Os acordos preveem que as empresas não comprem soja ou carne de áreas desmatadas até 2008. Contudo, o setor aponta que, com a aprovação do Novo Código Florestal, em 2012, as moratórias deveriam ter sido extintas, mas continuam sendo praticadas porque garantem vantagens econômicas às signatárias. Com isso, mais de 2,6 milhões de hectares são impactados, prejudicando principalmente pequenos produtores.
Em seu discurso, o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, classificou as moratórias como “injustiças”, lembrando que o Código Florestal Brasileiro é o mais restritivo do mundo. “A moratória viola o direito de uso da terra do produtor. Sabemos que as empresas signatárias correspondem a 94% do mercado comprador, para atender um mercado de 15% que é o mercado europeu.”
Beber reforçou o compromisso do setor com a legalidade e com todos os pilares de sustentabilidade. “O produtor brasileiro, principalmente de Mato Grosso, pratica isso como ninguém. Nosso produtor é o único no mundo que respeita áreas agricultáveis e derruba somente até onde está previsto pela Lei, independentemente se a terra é fértil ou produtiva”, afirmou.
Outras questões, como a análise do Cadastro Ambiental Rural, regularização fundiária, regularização ambiental e rastreabilidade foram abordadas durante o encontro, realizado em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT), Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Fórum Agro MT.
Também participaram do evento os conselheiros Valter Albano e Waldir Teis; o procurador-geral de Contas; Alisson Carvalho de Alencar; o procurador-geral do Estado, Francisco de Assis da Silva Lopes; o senador Wellington Fagundes; os deputados federais Coronel Fernanda e Abílio Brunini; os deputados estaduais Max Russi, Gilberto Catani, Ondanir Bortolini, Diego Guimarães, Faissal Calil, Wilson Santos, Dilmar Dalbosco e Dr Eugênio; o promotor de Justiça Marcelo Caetano Vacchiano; o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin; o presidente interino da União das Câmaras (UCMMAT), Geison Moraes; o presidente do Fórum Agro, Itamar Canossa; o presidente da Famato, Vilmondes Sebastião Tomaim e o consultor de Política Agrícola, Thiago Rocha.